Mureci, murixi, muruci, fruta de jacu
The muruci tree is a native of Latin America, mostly in Brazil, especially in the Amazon Forest and in Cerrado. Its name comes from the indigenous Tupí language meaning “small tree”, because it only reaches a maximum of 5 m in height. Its small, round fruit has one stone; its colour goes from green to yellow when it ripens. This colour might vary considerably since it grows in a very large area and there are over 100 varieties in existence.
Harvesting with handmade baskets varies depending on the location, but usually it is concentrated between February and March. Traditional know-how is important for knowing when the fruit is ripe. In Cerrado, flowering and harvesting take place after the rainy season. The tree can be ornamental in gardens, and the wood is used for making furniture and in civil construction.
Muruci are an important part of the local economy for consumption and regional commerce. Given the fruit’s abundance and nutritional value, families in the northeast usually prepared the “cambica”, mixing muruci with cassava flour. Another typical use is in preparing artisanal muruci cachaça, made by steeping the fruit in bottles with cachaça until it becomes dark.
Because it is rich in fibre, fats, vitamins C, B1 and B2, mineral salts and iron, farm families use it as an anti-inflammatory, anti-bacterial, anti-fungal and anti-pyretic medicine.
Notwithstanding all its uses, remedies and sources of income, the muruci is in urgent need of saving. High demand for wood and open land for pastures has irreversibly threatened this fruit’s enormous wealth.
Thanks to its intense, particular fragrance, muruci can be eaten fresh, in jams, sweets, icicles, ice creams, liqueurs and still more ways.
Back to the archive >O período de colheita também varia de acordo com a localidade, mas geralmente se concentra entre os meses de fevereiro a março. No cerrado, a floração e a coleta ocorrem após o período de chuvas. A árvore pode ser empregado na ornamentação de jardins e a madeira utilizada na confecção de móveis e construção civil.
O murici é um fruto que faz parte da economia de diversas comunidades extrativistas, para o próprio consumo e comércio regional. A coleta é feita com o auxílio de cestos artesanais e o beneficiamento praticado nas próprias residências ou pequenas unidades. O “saber fazer” regional tem um papel importante na identificação do ponto de maturação, que é determinante para um bom resultado na transformação do fruto em polpas, doces e conservas.
A abundância e valor nutricional do fruto está associada a resistência de famílias nordestinas à fome, que preparavam a cambica de murici misturando a polpa com farinha de mandioca. Outra utilização bastante típica é a cachaça de murici, realizada de maneira artesanal e bastante simples, deixando os frutos macerarem em uma garrafa com cachaça até que a tonalidade da bebida escureça.
Rico em fibras, gorduras, vitaminas C, B1 e B2, sais minerais e ferro, o murici também é utilizado pelas famílias produtoras como remédio caseiro para diarréias, ferimentos, dentre outros, devido às propriedades anti-inflamatória, antibacteriana, antifúngica e antifebrífuga. A casca do murici também é usada como antitérmico.
Mesmo com enorme potencial para o uso na alimentação, na medicina, na gastronomia e como fonte de renda para comunidades em todo o país, a proteção do murici é latente e de grande importância. A elevada demanda pela madeira e derrubada da vegetação para criação de pastos, colocam em risco o fruto em áreas tradicionais de extrativismo e ameaçam de forma irreversível a grande diversidade entre a espécie e o imenso patrimônio imaterial da sabedoria popular.
Além do consumo in natura, o murici pode ser beneficiado na forma de geleias, polpa, doces, picolés, sorvetes, licores e muito mais.
As características da planta e o aroma intenso e particular do murici foram citados pelo cronista e historiador Gabriel Soares de Souza, em seu Tratado Descritivo do Brasil de 1587, onde ele compara o cheiro da fruta madura com os queijos do Alentejo:
"Murici é uma árvore pequena, muito seca da casca e da folha, cuja madeira não serve para nada; dá umas frutas amarelas, mais pequenas que cerejas, que nascem em pinhas como elas, com os pés compridos; a qual fruta é mole e come-se toda; cheira e sabe a queijo do Alentejo que requeima. Estas árvores se dão nas campinas perto do mar, em terras fracas". (pg. 196)
O aroma peculiar que impressionou o visitante está relacionado com o alto teor de gordura do fruto que, assim como nos queijos, funciona como substrato para variadas reações bioquímicas que levam à formação de aromas e sabor durante a maturação. O cheiro fica mais forte quando o fruto é colocado em garrafas com água, técnica simples que permite a conservação por um longo período.